Sistema de Submissão de Resumos, II ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2012 (ENCERRADO)

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REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA RECAÍDA EM DEPENDENTES DE CRACK:
Manuel Morgado Rezende, Bruno Pelícia

Última alteração: 2012-11-13

Resumo


A dependência química é uma condição crônica que acarreta prejuízos em diversas áreas da vida da pessoa acometida, poucos que enfrentam o tratamento estabeleceram a abstinência no processo de tratamento. O objetivo desta pesquisa foi verificar a representação social da recaída em dependentes de crack em tratamento, quais são os aspectos envolvidos no processo de recaída e como ele ocorre, utilizando à luz da Teoria da Representação Social de Moscovici. A pesquisa foi realiza entre os meses de agosto a novembro de 2011, em uma residência terapêutica particular situada na capital de São Paulo. Recorremos à abordagem qualitativa para investigar o fenômeno em questão, a partir das entrevistas semi-estruturadas.   Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Metodista de São Paulo (Processo n° 452661 -11). O material emergente em campo foi submetido à análise de conteúdo, identificando-se os principais temas (categorias) emergentes, entre os quais se destacaram: recaída como qualquer uso de substâncias psicoativas durante ou após o tratamento, marcados pelos estereótipos do programa de 12 passos e dos tratamentos tradicionais pautados na abstinência total; sintomas afetivos negativos tal como culpa, raiva, remorso, vergonha, magoa, frustração, solidão, tristeza ou angústia no momento da recaída; vivências psicopatológicas durante a recaída, nessas circunstâncias os indivíduos podem alcançar o empobrecimento psíquico e dos laços afetivos, perda do vínculo e suas formas discursivas entre o conhecido e o desconhecido; controle externo da recaída sendo que socialmente os participantes do estudo "prometem" a abstinência, mais intimamente estão ameaçados pela recaída, ou seja, a centralidade esta na substância psicoativa. Conclui-se que os resultados sobre a representação social da recaída em dependentes de crack apontam evidentes dificuldades de se discutir o processo do que eventualmente ocasionou esse complexo fenômeno, cronificando a ideia, que qualquer uso de substância psicoativa (ilícitas), seja recaída, "recaída" = "uso" ou, ainda, "abstinência" = "cura", bem como a necessidade de repensar nas estratégias de planos de prevenção a recaída e dos modelos tradicionais de tratamento, propiciando experiência de abertura capazes de favorecer a inscrição na cultura e na coletividade. Outra questão para os clínicos e profissionais da saúde, e fomentar o trabalho psíquico, que vão além dos ditames dos manuais – diagnósticos e da repetição dos discursos de ajuda mútua, já que a identidade destes grupos circunscreve-se pelo espectro do adoecimento.