Última alteração: 2012-11-22
Resumo
Atualmente, a procura por fontes de energia renováveis vem estimulando a substituição de parte dos combustíveis fósseis pelos chamados “biocombustíveis”. Um exemplo é o biodiesel, um combustível constituído por ésteres monoalquílicos graxos derivados de óleos vegetais ou gorduras animais. Desde 2010, a legislação brasileira estabelece em 5 % (v/v) o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor. O poder corrosivo do biodiesel está intimamente ligado à sua baixa estabilidade oxidativa e hidrolítica, que leva à formação de ácidos orgânicos e hidroperóxidos. Além disso, o biodiesel é mais higroscópico que o diesel mineral. A presença de água favorece a corrosão de forma direta, além de contribuir para a formação de ácidos por hidrólise e o crescimento microbiano. Apesar de a solubilidade da água em biodiesel ser inferior a 0,2 %, a água também pode estar presente na forma de pequenas gotas dispersas na matriz orgânica, as quais podem eventualmente se depositar sobre superfícies metálicas, promovendo corrosão. Este projeto buscou compreender a estrutura da interface biodiesel-água, utilizando a técnica de simulação computacional por dinâmica molecular , que aplica-se bem a este tipo de problema e pode oferecer uma visão em nível molecular. Para as simulações de dinâmica molecular foi utilizado o campo de forças CHARMM, o mesmo se mostrou eficiente após algumas simulações para determinar a densidade do linoleato de etila. Para as simulações do biodiesel foram utilizadas caixas constituídas por uma mistura de ésteres, os resultados obtidos também se mostraram satisfatórios. Para as simulações do biodiesel em interface com a água, os resultados mostram que existe uma tendência da parte polar da cadeia do biodiesel se acumular na interface com água. Este fenômeno é relevante para uma melhor compreensão da estabilidade do biodiesel e seu poder corrosivo, uma vez que cadeias mais expostas ao meio aquoso estão mais suscetíveis a reações de hidrólise que geram ácidos carboxílicos. Apesar de não terem sido feitas simulações com ferro, os resultados obtidos representam um primeiro passo para a compreensão da organização molecular na interface entre biodiesel e água, e fornecem subsídios para estudos futuros da interface metal-água-biodiesel.