Sistema de Submissão de Resumos, II ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2012 (ENCERRADO)

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Investigação da influência da escolaridade em testes de memória semântica em adultos sem queixas de distúrbios cognitivos
Maria Teresa Carthery-Goulart, Jaqueline Geraldin Estequi

Última alteração: 2012-11-12

Resumo


Introdução: Sistemas de memória podem estar comprometidos em casos de lesões neurológicas. A memória semântica pode estar isoladamente comprometida em algumas doenças como a Afasia Progressiva Primária - Variante Semântica. Alguns testes, como a Bateria de Memória Semântica de Cambridge (BMS) (Hodges et al.,1992) avaliam este aspecto. Entretanto, estudos sobre o desempenho de indivíduos sem queixas cognitivas e sobre a influência da escolaridade nestes testes são escassos. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo geral investigar a influência da escolaridade na BMS e como objetivos específicos comparar o desempenho de indivíduos de diferentes escolaridades em: 1)testes que de expressão versus testes de compreensão auditiva; 2)tarefas que envolvem o processamento semântico de verbos versus substantivos e; 3)tarefas que envolvem o processamento semântico de seres vivos versus artefatos. Métodos: Estudamos 48 adultos, divididos em dois grupos: escolaridade 1-7 (Grupo 1, N=24) e maior do que 7 anos (Grupo 2, N=24). Os participantes realizaram entrevista para verificar se preenchiam critérios de inclusão e exclusão no estudo, bateria neuropsicológica breve e avaliação através da BMS. Resultados: O desempenho nos testes foi comparado entre os grupos utilizando o teste Mann-Whitney (não-paramétrico). Análises apontaram diferenças significativas (p<0,05 em todas as comparações) entre os grupos 1 e 2 em testes de fluência verbal; nomeação; compreensão auditiva, definições e associação semântica. Análises intragrupos indicaram: melhor desempenho em tarefas de compreensão em relação à expressão e melhor desempenho em testes que avaliaram o processamento semântico de verbos em relação a substantivos. Na comparação seres vivos versus artefatos, o Grupo 1 teve melhor desempenho em seres vivos somente nas provas de fluência verbal. O desempenho do Grupo 2 foi superior em seres vivos nas provas de fluência verbal, nomeação e compreensão auditiva. Ambos os grupos tiveram melhor desempenho na categoria artefatos no teste de associação semântica. Esse último achado parece refletir necessidade de adaptação de alguns itens desse teste. Conclusão: A BMS sofre influência da escolaridade, tornando-se necessário, portanto, utilizar notas de corte adequadas de acordo com essa variável para as avaliações. Para o uso no Brasil, alguns itens devem ser adaptados culturalmente. No estudo de dissociações entre verbos e substantivos e entre seres vivos e artefatos em lesados cerebrais deve-se considerar as diferenças encontradas na população sem distúrbios cognitivos. Na maioria dos testes da BMS, os indivíduos que participaram desse estudo tiveram desempenho superior em seres vivos do que em artefatos.