Última alteração: 2012-11-12
Resumo
Introdução
Os mecanismos de regulação da temperatura corporal, bem como a influência da temperatura ambiente (Ta) sobre os diversos processos fisiológicos e fisiopatológicos são de extrema importância para a manutenção da homeostase dos organismos vivos, uma vez que a temperatura influencia a maioria, senão todos esses processos. Grande parte do conhecimento sobre os mecanismos termorregulatórios em roedores foi construído a partir de estudos que empregaram machos, já que a manipulação de fêmeas é mais complicada em função das variações hormonais frequentes as quais elas estão sujeitas. Por outro lado, conhecer os mecanismos termorregulatórios em fêmeas, faz-se necessário, não só para complementar o conhecimento a respeito das diferenças entre machos e fêmeas, como também para se caracterizar modelos animais de interesse para estudos em fêmeas e distúrbios associados, como é o caso da menopausa.
Objetivos
O objetivo geral deste projeto foi estudar o perfil termorregulatório de ratas da linhagem Wistar de diferentes idades através da medida contínua da temperatura corporal.
- Comparar variações do ritmo circadiano (claro/escuro) da temperatura corporal nas fêmeas de todas as idades;
- Analisar, a partir do início da maturidade sexual das fêmeas, as variações da tempertura corporal ao longo do ciclo estral, nas fases de proestro, estro, metaestro e diestro.
Metodologia
Foram utilizadas cerca de 6 ratas (200-370g) para cada grupo de idade ( 3, 4, 5 e 7 meses), que tiveram um datalogger (SubCue, Canadá) implantado na cavidade abdominal para o registro da temperatura corporal. A determinação do ciclo estral foi feita através do esfregaço vaginal realizado duas vezes ao dia durante 7 dias.
Resultados
Observou-se um claro ritmo circadiano da temperatura corporal em todas as idades, sendo que no período de claro, a temperatura corporal permaneceu mais baixa, enquanto que no período de escuro, a temperatura corporal elevou-se. Este padrão de atividade circadiana é diretamente relacionada a maior atividade motora dos animais na fase do dia em que são mais ativos, que no caso dos ratos ocorre no período noturno. Nas ratas mais jovens (3 meses de idade) notou-se que ao longo dos dias, a temperatura corporal apresentou valores levemente maiores. Apesar disso, a variação de temperatura manteve-se semelhante à dos outros grupos. Acredita-se que tal fato deve-se à maior atividade locomotora e exploratória desses animais mais jovens. Não foi observada diferença significativa entre a temperatura corporal ao longo do ciclo estral das ratas nem dentro do mesmo grupo, nem entre os grupos. Mas ao olharmos para o perfil das ratas de 3, 5 e 6 meses, parece haver uma pequena tendência desses animais apresentarem temperatura corporal elevada na fase do metaestro, a qual coincide com um dos picos de liberação de progesterona. Por fim, nossos dados mostram que não existe diferença na variabilidade da temperatura corporal ao longo dos ciclos dentro do mesmo grupo (ratas da mesma idade), ao contrário do que foi visto por um estudo prévio, que observou menor variabilidade da temperatura na fase do estro e atribuiu este efeito ao pico de liberação de estrógeno, que atuaria como vasoconstritor periférico, promovendo a retenção de calor. Quando comparamos as ratas de diferentes idades, observamos maior variabilidade da temperatura de ratas de 3 meses de idade. Acreditamos que essa maior variabilidade está relacionada a maior atividade das ratas, como mencionado anteriormente, e uma menor precisão do sistema de controle da temperatura corporal de ratas mais jovens.
Conclusão
Esses resultados demostraram que ratas de 3 meses de idade apresentaram temperaturas corporais mais altas e também uma maior variabilidade dessas temperaturas. Uma das razões que pode justificar tais observações é a maior atividade locomotora e exploratória desses animais mais jovens. Além disso, os resultados também indicam uma pequena tendência dos animais de apresentarem maior temperatura corporal na fase do metaestro, o que poderia estar correlacionado ao pico de liberação de progesterona que possui ação termogênica. Porém essa conclusão é baseada em especulação e necessitaria de mais experimentos para ser confirmada.