Vesículas unilamelares gigantes (GUV’s) são vesículas compostas por bicamada lipídica, apresentam diâmetro médio de 10 mm, semelhante ao tamanho de uma célula, os efeitos do estresse oxidativo em GUVs têm sido observados por microscopia óptica o que permite o estudo em tempo real, sendo uma poderosa ferramenta para estudar diferentes aspectos da bicamada lipídica.

Citocromo c é uma pequena hemoproteína ligada à face externa da membrana mitocondrial interna. Além de ser um carreador móvel de elétrons na cadeia respiratória, citocromo c também pode desligar-se da membrana mitocondrial e ativar a cascata apoptótica, envolvendo interações reversíveis entre a proteína e a bicamada lipídica. Portanto, a natureza e especificidade da interação de citocromo c com bicamadas lipídicas têm sido o foco de vários estudos.

Neste estudo foram produzidas GUVs compostas de PCPECL, composição mais próxima da membrana interna mitocondrial, e analisada a estabilidade coloidal na presença e na ausência de citocromo c e possíveis vazamentos decorrentes da oxidação de membranas promovida pela proteína.  

Foram preparadas GUV’s pelo método de eletroformação, acompanhadas visualmente e registradas por meio de microscópio óptico, em presença e ausência de citocromo c, os vazamentos decorrentes de processos oxidativos forma observados fazendo vesículas contendo corantes e probes fluorescentes.

GUVs de POPC foram analisadas imediatamente e após uma semana de armazenagem. Observa-se que após armazenagem algumas GUVs mostram perda de regularidade da superfície o que é característico da ocorrência de processo oxidativo do lipídio levando à desorganização da bicamada.  As GUV’s compostas de 50% fosfatidilcolina (PC), 30% fosfatidiletanolamina (PE) e 20% cardiolipina (CL) e a apresentaram menor tamanho, com menos contraste e mais instáveis, comparadas com vesículas compostas por somente POPC. As GUVs PCPECL com 1,5 mM de merocianina (MC) em presença e ausência citocromo c indicam que a ligação deste na membrana promoveu agregação, ao redor do citocromo c, das moléculas de MC que estavam distribuídas homogeneamente na superfície da membrana, concentrando nessas regiões escuras.

Conforme o esperado, o envelhecimento da membrana por processo oxidativo resultou em perda da integridade da mesma. Citocromo c foi capaz de interagir com GUVs de PC, mas não promoveu fusão das mesmas. Na presença de citocromo c, as imagens de microscopia óptica indicaram a formação de domínios.

Agradecimentos: FAPESP, CNPq e UFABC.