Última alteração: 2012-11-13
Resumo
Introdução:
A surpresa é a mais breve de todas as emoções, provocada pela presença de um estímulo inesperado, e caracterizada por um número de alterações fisiológicas. A hipótese testada neste trabalho é que quanto maior a quebra de expectativa, maior será a sensação de surpresa acompanhando o evento discrepante, como detectado em condutância dérmica e no autorrelato dos observadores.
Objetivos:
Estabelecer a relação entre a resposta fisiológica a um estímulo discrepante e a intensidade da surpresa relatada.
Metodologia:
Como estímulos, foram utilizados quadrados e círculos de tamanhos constantes com diferentes brilhos, apresentados em uma tela de um computador em pares, enquanto os voluntários foram instruídos de identificar a figura de maior brilho. Em cada sessão, ou o círculo ou o quadrado foi identificado como estímulo-padrão e era apresentada continuamente com diferentes brilhos. Na quarta, oitava, décima-sexta ou sexagésima-quarta apresentação, dependendo do grupo experimental, a outra figura foi apresentada como estímulo discrepante. Na oitava, décima-sexta ou sexagésima-quarta apresentação, o estímulo discrepante foi mostrado uma segunda vez.
Durante a sessão experimental, foram registradas a condutância da pele e a taxa cardíaca.
Resultados:
Para os dados fisiológicos, foram analisados os escores de diferença entre a área sob a curva eletrodérmica para tentativas com estímulo discrepante ('surpreendentes') e estímulo regular ('neutros'). Para compensar por grandes diferenças interindividuais em magnitude das respostas eletrodérmicas, testes-t foram feitas sobre os postos dos valores, determinados por voluntário. Não foram encontrados efeitos significativos da apresentação de estímulo discrepante na condutância da pele (todos os p>.05).
Para os dados de autorrelato, foi encontrado que a tentativa de aparecimento do primeiro estímulo influenciou significativamente a avaliação subjetiva de surpresa, com maior surpresa para estímulos discrepantes apresentados nas tentativas 16 e 64 do que na tentativa 4. Um padrão semelhante foi encontrado para a apresentação do segundo estímulo discrepante. Em geral, o segundo estímulo discrepante surpreendeu menos do que o primeiro.
Conclusão:
Surpresa tem se mostrado uma sensação com correlatas fisiológicas súteis, supondo que existem, facilmente mascarado por outros geradores de mudanças na condutância. Não foi encontrada uma relação direta entre a magnitude da resposta eletrodérmica e a magnitude de surpresa relatada. O autorrelato da surpresa provocada por discrepâncias perceptuais, no entanto, segue um padrão esperado.