Última alteração: 2012-11-13
Resumo
- Introdução
É notável certa tendência “não-participativa” por parte da população em geral no que concerne aos assuntos políticos. Parece comum a visão de que a política é “uma teia de mentiras e ardis” (ARENDT, 2008) – a qual faz com que as pessoas desejem ainda menos uma inserção em seus espaços. Embora o ABC Paulista seja conhecido por ter sido palco de atos políticos num passado relativamente recente, hoje o fenômeno de fuga da política também se faz presente na região.
2. Objetivos
O trabalho buscou realizar uma aproximação entre a Filosofia Política e a prática política da região em que se insere a UFABC, através de uma análise inicial centrada na temática da participação. Espera-se que possibilite aos munícipes e demais leitores uma oportunidade de reflexão, incentivando a participação dos mesmos, de modo crítico e consciente, nos processos políticos. Também se espera fazer notar a possibilidade dos estudos filosóficos não serem apenas fins em si mesmos, mas rumarem à reflexão sobre a realidade presente.
3. Metodologia
Prioritariamente bibliográfica. Foram utilizadas as obras A condição humana, A promessa da política, Entre o passado e o futuro e Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt, assim como comentadores e informações disponibilizadas pelos websites das câmaras legislativas de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, onde se observou as condições oferecidas para a efetivação da participação.
4. Resultados
Relaciona-se a atual postura (a)política questões referentes à abolição da pluralidade na busca por uma suposta igualdade, a interpretação da política como uma necessidade, a resignação dos indivíduos em suas vidas privadas - tudo contribui. Para que a participação política venha a se efetivar, é necessária a existência de espaços comuns que sejam politicamente organizados. Existem dois elementos notadamente direcionados a isso na região: a Tribuna Livre (ausente em São Caetano do Sul) e a Comunicação Online.
5. Conclusão
É possível interpretar a teoria arendtiana como uma reflexão sobre a atual visão sobre a política. Notamos que a atividade mais importante passou da ação para o discurso: “o direito de ouvir as opiniões dos outros e de fazer ouvir as próprias opiniões” (ARENDT, 2009) é inalienável. Só que apenas falar, não basta. A expressão necessita da presença de outros que pertençam a um espaço político, e, embora algumas câmaras possuam seus mecanismos para tanto, ainda existem entraves que precisam ser ajustados de forma a permitir maior participação.
Referências Bibliográficas
ARENDT, Hannah. A promessa da política. Trad. Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: Editora Difel, 2008.
________________. Entre o Passado e o Futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Editora Perspectiva, 2009.