Sistema de Submissão de Resumos, III ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2013 (ENCERRADO)

Tamanho da fonte: 
Representações sobre o acesso à universidade Pública: Estudo sobre o que pensam estudantes cotistas dos Bacharelados Interdiciplinares da UFABC sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Ana Keila Mosca Pinezi, Natasha Almeida Macedo

Última alteração: 2013-11-19

Resumo


Introdução: Por meio das políticas de cotas, que são ações afirmativas de inclusão social que funcionam pela reserva de vagas em universidades públicas ou privadas, para grupos específicos, chamadas muitas vezes de “ação de discriminação positiva”, vem ocorrendo uma diversificação no perfil dos estudantes de nível superior. Estudantes que muitas vezes estudaram em escolas públicas, conseguiram estudar em cursinhos populares, mesmo tendo que trabalhar e ajudar em casa, e tiveram aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), além daqueles que se inserem nas cotas para afro-descendentes e indígenas. A inclusão das políticas de cotas nas universidades é recente no Brasil, tendo pioneira a Universidade de Brasília (UNB) que, em 2003, por meio do Plano de Metas para a Integração Étnica, Racial e Social, reservou vagas com recorte afro-descendente e indígena para os seus vestibulares daquele ano. Em meio a vários questionamentos no ano de 2012, o governo Federal aprovou a Lei de Cotas nas Universidades Federais de acordo com a Lei nº 12.711. Porém, não se pode pensar a inclusão de grupos excluídos do acesso à educação no Brasil reduzindo o debate à questão das cotas sociais e/ou raciais. As políticas de Ações Afirmativas no campo da educação, para além das cotas, devem centrar-se em propostas mais amplas que ultrapassem as políticas de caráter emergencial (Gonçalves, 2006).

Objetivos: Mediante o exposto, o objetivo desta pesquisa foi o de compreender como os estudantes cotistas da Universidade Federal do ABC (UFABC) pensam a política de cotas, o ENEM e os cursinhos populares. Pretendeu-se, assim, verificar se há, na ação afirmativa relacionada ao sistema de cotas um resultado efetivo de acesso e manutenção desses estudantes na UFABC; e investigar o papel do cursinho popular no desempenho dos candidatos cotistas para acesso à UFABC.

Metodologia: A pesquisa baseou-se numa abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica, entrevistas abertas (através de um roteiro semiestruturado) com um grupo de estudantes cotistas da Universidade Federal do ABC e análise de documentos disponibilizados pela Pró-Reitoria de Graduação. Todas as entrevistas foram realizadas dentro do espaço da universidade, gravadas, e transcritas para realização das inferências.

Resultados: A relação estudante cotista e política de permanência oferecida pela UFABC precisam ser mantidas e incentivadas, mas existe uma demanda por parte desses estudantes de um acompanhamento mais orientado, especialmente no primeiro ano de universidade. Existem novas demandas que devem ser monitoradas com a entrada de estudantes portadores de deficiências, e uma maior atenção à sistematização dos dados pela universidade. As bolsas sociais oferecidas pela universidade a esses alunos continuem uma ajuda, mas ainda insuficiente e incapaz de evitar a evasão dos cotistas.

Conclusão: Observa-se que existe uma aceitação aos processos avaliatórios. Entretanto, a baixa qualidade do ensino brasileiro acaba por determinar quais estudantes terão acesso à universidade e legitimar os cursinhos, sejam os populares ou os pagos. Mesmo assim, a maioria dos estudantes cotista é contra a utilização desse recurso, alegando ser apenas um espaço de “decoreba” dos conteúdos do ensino médio.

Nesse contexto, ações afirmativas precisam ser vistas dentro de uma política mais ampla, que garanta a manutenção desses jovens na universidade e que promova a formação de pessoas que possam transformar a sociedade.

Bibliografia: GONÇALVES, L. A. O. Ações Afirmativas no Brasil. In: GOMES, N. L.; MARTINS, A. A. (Org.). Afirmando direitos: acesso e permanência dejovens negros na universidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.