Última alteração: 2013-11-19
Resumo
Desde o fim do século XIX, com a inauguração da ferrovia Santos-Jundiaí e a formação dos primeiros povoados-estação, a região do ABC já demonstrava sua vocação industrial. Conhecida por ter sido o destino das primeiras grandes montadoras no país logo após o fim da segunda grande guerra, a região abrigou a instalação de um importante e tradicional setor industrial: o metalúrgico. Nesta pesquisa têm-se como objetivo traçar um panorama histórico e econômico do desenvolvimento dessa indústria metalúrgica na região por meio de um estudo de caso. A companhia “Termomecanica São Paulo SA", por apresentar um grande impacto em seu mercado de atuação (transformação de metais não ferrosos), e por possuir um longo período em atividade no ABC, foi escolhida como objeto de estudo a fim de que suas estratégias e percursos econômicos sejam representativos para a caracterização do setor. Desta forma, buscamos elucidar a seguinte pergunta motora deste projeto: de que maneira se desenvolveu a indústria metalúrgica no ABC paulista desde que as primeiras plantas do ramo foram neste local sediadas? A metodologia empregada pode ser dividida em duas frentes: a primeira sendo a revisão bibliográfica dos conceitos econômicos e o levantamento de informações específicas sobre as indústrias metalúrgica e nacional, e a segunda sendo a interpretação destes dados à luz do contexto da economia brasileira à época. Como fontes de informações específicas sobre o setor, foram utilizados: estudos realizados por órgãos estatísticos governamentais e sindicais, publicações em revistas especializadas e ainda entrevistas e boletins informativos disponibilizados pela empresa. Com as análises de tais documentos foram obtidos: um retrato atual dos diferentes níveis de desagregação da atividade metalúrgica (até 5 dígitos conforme a classificação do Cadastro Nacional de Atividades Econômicas); correlações entre os dados nacionais, estaduais e regionais referentes à indústria metalúrgica e o desenvolvimento da Termomecanica; bem como um levantamento dos índices GINI locacional e QL (quociente locacional), caracterizando a concentração da atividade do setor ao longo do Estado de São Paulo. Todos esses esforços reiteram teses como a de J. J. Conceição (2006): o ABC e suas indústrias metalúrgicas passaram por um processo de reestruturação produtiva, e não propriamente por uma desindustrialização.