Sistema de Submissão de Resumos, VIII ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2018 (ENCERRADO)

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O ÁCIDO METILMALÔNICO COMPROMETE A RESPIRAÇÃO CELULAR EM CÉLULAS ASTROGLIAIS C6 DE RATO
Marcella Bacelar dos Santos, César Augusto João Ribeiro, Izabel Cristina Santos Silva, Izabel Cristina Santos Silva

Última alteração: 2018-10-30

Resumo


A acidemia metilmalônica é um erro inato do metabolismo, causado pela deficiência da enzima L-metilmalonil-CoA mutase ou de sua coenzima, a adenosilcobalamina. Os pacientes acometidos por essa doença apresentam acúmulo do ácido metilmalônico (MMA) nos tecidos e líquidos biológicos.  As manifestações clínicas são predominantemente neurológicas (encefalopatia aguda grave ou crônica, retardo mental, atrofia cerebral, coma e convulsões) e geralmente ocorrem na primeira semana de vida. Os pacientes que sobrevivem às crises apresentam um grau variável de atraso no desenvolvimento psicomotor e no nível de cognição, além de desmielinização e dano cortical e nos gânglios da base.  Pouco se sabe sobre a fisiopatogenia do dano tecidual que ocorre nos pacientes afetados por essa doença. Apesar de algumas investigações prévias já terem sugerido efeitos tóxicos dos metabólitos acumulados, até o presente momento os mecanismos fisiopatológicos que levam ao dano cerebral apresentado pelos pacientes afetados foram apenas parcialmente elucidados.

Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar in vitro os efeitos tóxicos do MMA em uma linhagem de células astrogliais de rato com características astrocitárias.

Células astrogliais C6 de rato foram cultivadas em garrafas de 25 cm² em estufa com 5% de CO2, umidificada a 37°C em meio de cultura DMEM contendo 5,5 mM de glicose, suplementado com 5% de soro fetal bovino, pH 7,4. Ao atingirem 70% de confluência as células foram expostas ao MMA, em concentrações de 1 a 10 mM. Após 48 horas de exposição, as células foram tripsinizadas e os parâmetros respiratórios foram determinados em um respirômetro Oxygraph- 2k; (Oroboros Instruments, Innsbruck, Austria) na presença de inibidores e desacopladores da função mitocondrial.

Observamos que o MMA reduziu significativamente (30-50%) a respiração basal, o consumo de oxigênio associado à síntese de ATP e o associado ao vazamento de prótons nas concentrações de 5 e 10 mM. Além disso, reduziu significativamente a respiração máxima e a capacidade de reserva respiratória, em todas as concentrações testadas.

Assim, nossos resultados demonstraram que o MMA compromete a respiração celular em células astrogliais C6 em concentrações similares àquelas encontradas nos pacientes durante as crises de descompensação metabólica, sugerindo assim que esses efeitos podem estar envolvidos na fisiopatologia dos danos neurológicos observados nessa doença.