Sistema de Submissão de Resumos, IX ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2019

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Análise de séries temporais: como fatores abióticos influenciam na distribuição, tamanho e sobrevivência de cracas e mexilhões em um costão rochoso no litoral norte de São Paulo?
Marcos Vinícius Gonçalves da Silva, Natalia Pirani Ghilardi-Lopes

Última alteração: 2019-09-19

Resumo


O monitoramento de longo prazo de comunidades marinhas bentônicas pode auxiliar na compreensão de padrões e processos atuantes nas mesmas e na detecção precoce de impactos negativos. O presente trabalho, realizado em mediolitoral de costão rochoso (Praia do Mar Casado, Guarujá, São Paulo) teve como objetivos (i) realizar modelagem de séries temporais de fatores bióticos e abióticos, (ii) identificar tendências e padrões sazonais e (iii) entender quais fatores abióticos provavelmente influenciam mexilhões e cracas. Foram coletados, a partir de repositórios online, dados mensais de variáveis abióticas para pontos próximos do local de estudo. Foi utilizado o protocolo da “Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros”, entre 2013 e 2017, para obtenção in situ de dados trimestrais de variáveis bióticas. Realizou-se Análise de Componentes Principais (PCA) nas variáveis abióticas (usando médias trimestrais). A decomposição de séries temporais por regressão linear permitiu encontrar padrões sazonais e de tendência. Quebras estruturais foram identificadas nas séries dessazonalizadas. A análise espectral nas séries destendenciadas permitiu identificar a frequência com que eventos se repetem. O retardo na resposta biótica às variações abióticas foi avaliado usando modelo de lag distribuído. Observou-se, no caso da faixa de Chthamalus, as seguintes relações: 1) deslocamento do ponto superior da faixa para cima relacionado com a diminuição na maré máxima ocorrida no semestre anterior e com a elevação da maré máxima no trimestre anterior; 2) deslocamento do ponto inferior para baixo relacionado com a diminuição da pressão atmosférica média, da salinidade e dos níveis mínimos de maré ocorridos previamente; 3) redução do recobrimento percentual relacionado com a diminuição da salinidade ocorrida no semestre anterior; 4) presença de espaço disponível aumentando com o aumento da umidade e diminuindo com a diminuição do nível mínimo de maré; 5) diâmetros basal e opercular aumentando com a diminuição da maré mínima e aumento no valor angular da direção do vento; 6) diâmetro basal médio aumentando com o aumento da umidade. Estas alterações estão provavelmente relacionadas com a influência das marés na reprodução e a influência da dessecação na sobrevivência das cracas. Já no caso da faixa de Brachidontes, a dessecação parece ser o principal fator limitante. Observou-se que: 1) o ponto superior da faixa apresentou relação direta com o nível da maré máxima do trimestre anterior; 2) o recobrimento percentual médio aumentou após momentos de baixa umidade média, com um lag de dois trimestres, sendo possível que a reprodução seja estimulada por estresse de dessecação.