O presente trabalho investigou as práticas de ensino de docentes de Física da Universidade Federal do ABC que são percebidos por seus alunos como “bons professores” nas disciplinas que ministram. Para tanto, foram levadas em consideração as perspectivas dos próprios alunos sobre o conceito de “bom professor” confrontando-as com as categorias propostas por Cunha (1996). Além disso, analisamos a percepção que os docentes têm de suas próprias práticas utilizando os elementos preconizados pelo Modelo de Raciocínio Pedagógico e Ação (MRPA) proposto por Shulman (1987). A partir das análises dos questionários aplicados e entrevistas semiestruturadas realizadas aÌ€ luz do MRPA, foi possível inferir que os docentes investigados consideram a maioria dos elementos preconizados por este modelo, embora suas falas demonstrem fragilidade e imprecisão em alguns elementos. A partir das entrevistas realizadas com os alunos, evidenciou-se a dificuldade de estabelecer a ideia sobre o “bom professor” e que os aspectos considerados estão intrinsecamente relacionados entre si e são moldados por fatores internos (história de vida, histórico familiar e crenças) e externos (realidade de escola/universidade e formação, contexto social) ao sujeito, os quais exercem grande influencia no ato pedagógico. Finalmente, observa-se que as características observadas por Cunha (1996) aparecem na prática dos docentes investigados e que tanto estes como os alunos foram capazes de reconhecer tais aspectos durante as aulas ministradas. Dentre as categorias do MRPA destaca-se as Novas Compreensões, indicando a relevância da prática reflexiva pelos docentes. No que se refere aos elementos propostos por Cunha (1996), foi possível evidenciar nas respostas dos alunos a maioria das categorias, com maior ênfase na Capacidade de Interpretar o Conteúdo. Assim, tanto os alunos como os professores investigados descrevem a maioria das categorias presentes nos referenciais teóricos utilizados nesse trabalho ao caracterizarem o “bom professor”.