Sistema de Submissão de Resumos, IX ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2019

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A TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL DO CAMPO DE DISPUTAS SIMBÓLICAS SOBRE O “BRASIL”: UMA ANÁLISE DOS LIVROS DE NÃO-FICÇÃO MAIS VENDIDOS (2010-2018)
Isadora Henriques Ostrowski, MARIA CARAMEZ CARLOTTO

Última alteração: 2019-09-25

Resumo


Os anos 1980, período da redemocratização, são marcados por certa hegemonia do pensamento acadêmico profissionalizado sobre o Brasil, concentrado nas universidades de pesquisa e particularmente nos seus programas de pós-graduação em Ciências Sociais. A partir dos anos 1990, no entanto, o fortalecimento do jornalismo impresso e da grande mídia vai fazer com que esses novos setores passem a disputar essa hegemonia. Um reflexo disso será o fortalecimento de um novo campo editorial, que se consolida nos anos 2000, de livros de grandes tiragens que têm como objeto o “Brasil”. Esse novo campo é dominado por uma “nova geração de intérpretes do Brasil”, que não são mais acadêmicos no sentido estrito. Isso marca uma mudança importante, uma vez que desde os anos 1930, com o surgimento das universidades e a profissionalização das ciências sociais no país, foram os acadêmicos universitários que lideram as interpretações do Brasil, com o ápice nos anos 1980, com a profissionalização da pós-graduação. Isso parece mudar a partir dos anos 1990, quando novos intelectuais passam a disputar esse campo. A popularização da internet aprofundou esse processo, fazendo com que a disputa interpretativa sobre o país extrapolasse os limites do campo universitário. Nos anos 2000, com a expansão do espaço democrático e, por consequência, a emergência de novos atores discursivos, acirra-se a guerra cultural pela definição não só do que é o Brasil, mas também do que define a identidade brasileira. A mídia, nesse período, já dispõe de vantagens comparativas consolidadas em relação aos atores emergentes, devido à sua ascensão nas décadas passadas. No entanto, a popularização da internet, como dito, possibilitou o surgimento de influenciadores digitais e de novas interpretações por intelectuais que não seguem o caminho tradicional da trajetória intelectual. O presente trabalho se propõe a examinar as disputas trazidas pelo segundo grupo para o campo das disputas simbólicas acerca da definição da identidade brasileira. A análise das obras mais vendidas tem por intuito observar como se articulam os discursos sobre o Brasil e a identidade brasileira nesse novo momento. A escolha do período (2010-2018) busca observar essas transformações e analisar essas novas abordagens, jogando luz a essas disputas.