Sistema de Submissão de Resumos, IX ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - 2019

Tamanho da fonte: 
REPRESENTAÇÕES, SENTIDOS E VALORES DA MENINA NEGRA NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UM ESTUDO A PARTIR DO LIVRO A COR DA TERNURA DE GENI GUIMARÃES
Denise Barrozo de Paula, Daniel Françoli Yago

Última alteração: 2019-09-26

Resumo


Partindo do princípio de que as representações são essenciais para a construção da identidade e da autoestima nas crianças, nosso objetivo geral foi estudar como se dá a constituição da subjetividade da menina negra por meio de suas marcas sociais de diferença. Para tanto, nos dedicamos a estudar a negritude, a infância e o gênero como operadores conceituais dessa constituição. De forma a especificar nosso recorte, voltamo-nos para analisar os valores, as representações e sentidos psicológicos presentes na menina negra Geni no livro infanto-juvenil "A cor da ternura", de Geni Guimarães. Interessou-nos estudar esta obra particularmente porque, ao contrário de repetir de estigmas racistas ou de gênero no modo como a personagem é construída e expressa, existem nelas elementos criativos, interessantes e positivos que retratam a infância de Geni de forma profunda e protagônica. Assim, nossos objetivos específicos se detiveram na compreensão e análise dos aspectos referentes à forma com que atitudes, características e comportamentos da personagem são levantados como maneiras críticas de pensar representações mais honestas e potentes para a menina negra enquanto personagem e enquanto leitora dessas histórias. Nossa pesquisa se utilizou inicialmente do recurso técnico do levantamento bibliográfico para a obtenção de dados e informações relevantes para a construção mais detida de nossa problemática. Nesse caso, investigamos como as teorias raciais foram a base da construção e proliferação de tantos estereótipos e como o movimento de negritude foi capaz de incluir mudanças através de um revisionismo da história, sendo essencial no campo de literatura, campo que teve grande influência dos ideais de branquitude e teorias raciais. Pensando na problemática da menina negra, pensamos na sua solidão vivencial, de representações e epistemológica, o que inclui a Psicologia, que constantemente parece negar as particularidades presentes na intersecção entre gênero, raça e infância.  No que se refere aos aspectos de análise, recorreremos ao arcabouço da Análise de Conteúdo para a literatura infanto-juvenil. Por fim, tecemos uma reflexão sobre o papel e o lugar da ternura como importante marco contra o racismo em suas diversas manifestações. Nosso referencial teórico incluiu pensadoras(es) como Frantz Fanon, Kabengele Munanga, Laurence Bardin, Neusa Santos, Conceição Evaristo e Grada Kilomba.