Última alteração: 2019-09-29
Resumo
O presente projeto de iniciação científica busca examinar os impactos da ascensão chinesa no sistema financeiro e monetário internacional a partir da ótica da internacionalização da moeda chinesa, o renminbi. Para tanto, em primeiro lugar, são apresentados dados acerca da utilização internacional do renminbi que indicam que, apesar dos recentes esforços e programas do Estado chinês para internacionalizar sua moeda, a moeda chinesa atualmente ainda é marginalmente utilizada em escala global. Em seguida, tais dados são analisados sob o prisma metodológico da teoria da hierarquia das moedas que afirma que a utilização de uma moeda no comércio internacional depende essencialmente de características do Estado emissor, sendo as variáveis chave: o tamanho e integração da economia do país emissor, o poder geopolítico e a presença de voluntarismo político. Assim, constata-se uma situação um tanto quanto enigmática na qual a China se apresenta neste primeiro quarto de século XXI como uma grande potência econômica e militar e que não possui uma moeda amplamente utilizada na economia internacional. Desta forma, o trabalho volta-se então para a questão do voluntarismo político do Estado chinês em internacionalizar sua moeda, analisando-se o processo histórico das políticas chinesas e seus resultados efetivos. Destarte, o trabalho concordará com as teses que afirmam que a China pratica um voluntarismo defensivo de internacionalização do renminbi, que visa, acima de tudo, proteger e dar autonomia ao Estado chinês em um cenário internacional de pós-crise de 2008 e reiterada hegemonia do dólar como moeda internacional. Por fim, será proposto que a posição do renminbi na hierarquia das moedas e a sua internacionalização são processos que só podem ser compreendidos a fundo a partir do contexto internacional de tensão entre “velho” e “novo” da complexa competição interestatal entre Estados Unidos e China, existindo, por um lado, o esforço estadunidense de se manter como potência hegemônica mundial e, por outro, a ascensão chinesa e sua busca por autonomia.