Última alteração: 2019-10-01
Resumo
A privação prolongada de oxigênio no encéfalo imaturo de um neonato pode ocasionar diversas sequelas cognitivas; isso se deve, principalmente, por essa condição incitar surtos de morte celular em regiões tais quais o córtex e o hipocampo. Nesse cenário podemos entender tal situação como um problema de saúde pública, justamente por essa condição se apresentar em 60% das crianças prematuras com baixo peso ao nascimento. Os mecanismos pelos quais a privação de oxigênio, no período neonatal, leva a morte celular e a sequelas ainda são pobremente descritos, mas sugere-se que a neuroinflamação decorrente da anóxia pode contribuir de forma determinante para este quadro. A microglia participa ativamente no processo inflamatório e de morte celular, em especial quando expressa o fenótipo ativado M1, com o qual promove respostas pró-inflamatórias. Visto que a anóxia neonatal causa sequelas permanentes e irreversíveis, faz-se necessária a melhor compreensão de seus mecanismos fisiopatológicos e a identificação de alterações funcionais o mais precocemente possível, que podem abrir possibilidades para intervenções terapêuticas que visem minimizar os danos causados por esta condição. Desta forma, o presente projeto visou caracterizar a resposta microglial no hipocampo de ratos após anóxia neonatal e analisar possíveis alterações na memória espacial em ratos jovens submetidos à anóxia neonatal, déficit até então descrito em ratos adultos que sofreram anóxia ao nascimento. Os resultados revelaram que a irradiação do laser, independente da estimulação da anóxia, causa ativação microglial, pois foram observadas diferenças nos valores da ramificação da célula (RAM)(p=0.0034) e end-points (ENDP)(p=0.0024) entre os grupos Controle Laser (ENDP=170.6+-15.5;RAM=282.6+-29.5;N=4). O CA3 foi uma região especialmente sensivel à irradiação do laser em comparação as regiões CA1 e GD, apresentando diferenças na extensão das ramificações (EXT)(p=0.003) e RAM(p=0.005) comparando-se os mesmos dois últimos grupos, CL (EXT=3009.7+-429.3;RAM=256+-48) e CS (EXT=4950.3+-429.3; RAM=442+-48). Os resultados demonstram que o laser modula a ativação microglial. No entanto, as microglias de ratos P3 ainda estão imaturas e possuem morfologia parcialmente ativada, o que torna as alterações morfológicas dessas células menos expressivas. Faz-se necessário investigar qual função as microglias ativadas pelo laser tem no tecido, para assim avaliar o potencial terapêutico do laser em condições tais quais a anóxia neonatal.