O acesso, a permanência e a conclusão de um curso em uma universidade pública e gratuita brasileira têm gerado reflexões sobre como garantir as mesmas oportunidades para todo o público-alvo presente nesse espaço. Questões relacionadas ao gênero, mais especificamente, sobre o fator maternidade, têm sido documentadas como desafios importantes para serem superados nesses contextos. O trabalho teve como objetivo refletir sobre o espaço das mães em uma universidade pública brasileira, a partir das suas histórias de vida, enquanto protagonistas do seu processo educacional e identificar, em suas percepções, fatores de proteção que garantam a permanência na universidade, em equidade aos demais estudantes, assim como os desafios e estratégias traçadas para superá-los. Participaram nove mães, dentre as quais, quatro responderam um questionário e realizaram uma entrevista semiestruturada, enquanto as demais responderam apenas ao questionário. Tanto o roteiro da entrevista como o questionário abordaram as mesmas temáticas. A coleta e análise dos dados ocorreu em três fases, a destacar: recrutamento e seleção das participantes, aplicação dos instrumentos e análise dos dados. A análise considerou quatro temas disparadores abordados nos instrumentos que envolviam: caracterização das mães, situação acadêmica, rede de apoio social e permanência na universidade. Como resultado, de maneira geral, foram identificadas as múltiplas atribuições das mães (maternidade, atividades domésticas, acadêmicas e profissionais extra universidade), preocupações relacionadas à qualidade de vida de vida, sobretudo mental, preocupações referentes ao risco de jubilamento, barreiras atitudinais e urgência de discussão entre o corpo docente sobre a temática, garantia de sistematização as informações em uma política de permanência, flexibilidade curricular, incluindo frequência presencial, a importância de fatores de proteção como os auxílios financeiros, a rede de apoio social, os trabalhos psicológicos preventivos. Espera-se que os achados contribuam para uma possível sistematização de informações sobre a situação de mães universitárias da UFABC, de modo a criar ações concretas que visem a implementação de políticas de proteção para tal demanda, visando a equidade de todos os estudantes, em prol da construção de um ambiente mais inclusivo, que respeite a maternidade e contribua para a formação de uma sociedade mais igualitária.