A tarefa de Condicionamento de Medo ao Contexto (CMC) é muito usada para o estudo da consolidação de memórias aversivas, possibilitando a análise do comportamento animal e de regiões encefálicas envolvidas neste processo. O hipocampo, por exemplo, é uma região encefálica comumente associada à formação e manutenção de memórias espaciais e contextuais. Estudos com o CMC, no entanto, sugerem que esta região pode desempenhar um papel temporário no armazenamento da memória, sendo substituída por uma rede mais distribuída de estruturas corticais com o passar do tempo. O objetivo do presente projeto de pesquisa foi verificar, através da análise do produto do gene de expressão imediata c-fos (FOS), o envolvimento de diferentes regiões, em especial do córtex cingulado anterior e hipocampo, na evocação da memória remota do CMC. Ratos machos Wistar passaram por caixas onde ocorreu o treino de CMC, com 2 intensidades de choque (0.3 mA ou 1mA) e foram testados após 28 dias. Noventa minutos após o teste foram anestesiados, perfundidos, e os cérebros removidos, e desidratados e em seguida congelados. Os encéfalos foram dissecados em cortes seriados de 40um de espessura e as fatias foram mantidas no freezer -20°C até o uso. Para a técnica de imunohistoquimica, realizou-se uma recuperação antigênica e posteriormente uma incubação em anticorpo primário anti-FOS (AbCam) por 72 horas seguida de incubação em anticorpo secundário. Além disso, para melhor visualização das áreas encefálicas foi utilizada a coloração por Nissl em fatias adjacentes àqueles selecionados para a imunohistoquímica. No total, foram utilizados 12 encéfalos divididos em 4 grupos (Home-cage, 0mA , 0.3mA e 1mA).  Foi realizada, até o momento, uma análise qualitativa das fotografias tiradas em microscópio. Observou-se que as fotografias referentes ao Cortex Cingulado Anterior (CCA) parecem apresentar uma maior densidade de células marcadas com anti-FOS, indicando maior expressão da proteína c-FOS nessa região do que em outras regiões hipocampais como CA1 e CA3, essa diferença não se mostra presente no grupo home-cage. Assim como esperado, observa-se também uma distinção na densidade de marcações quando comparada as diferentes intensidades de choque. O grupo de 1mA parece apresentar um aumento de células FOS-positivas em comparação aos grupos 0mA e HC. Essas mudanças, se confirmadas pelas análises quantitativas, corroboram a ideia de que circuitos neurais envolvidos no armazenamento e recuperação da memória contextual se modificam com a passagem do tempo, podendo depender da intensidade do treino.