A Doença de Alzheimer (DA), a mais comum dentre as demências neurodegenerativas, é caracterizada por perda de memória recente, dificuldades com linguagem e solução de problemas, dentre outros sintomas não cognitivos, como distúrbios do sono e alterações termorregulatórias. Em sua forma mais comum, acomete principalmente a parcela mais idosa da população mundial. O envelhecimento humano inclui uma variedade de mudanças no organismo, de maneira que alguns estudos demonstram associações entre os déficits na termorregulação e a DA. O objetivo desse trabalho, portanto, foi avaliar o efeito da temperatura ambiente sobre os parâmetros comportamentais e termorregulatórios em modelo animal para a DA e verificar se a exposição à temperatura neutra (26ºC) é capaz de reverter a neurodegeneração e morte celular ocasionada pela estreptozotocina (STZ). Para isso, ratos Wistar machos foram submetidos à cirurgia estereotáxica, onde receberam injeções de STZ, icv, e à cirurgia para a implantação do datalogger, a fim de obter medições da temperatura corporal. Foram subdivididos em duas temperaturas: subneutra (22ºC) e neutra (26ºC). Para análise comportamental foi realizado o labirinto de Barnes e, para análise termorregulatória, os testes de seleção de temperatura ambiente de preferência, índice de perda de calor (HLI) e os dados de temperatura corporal. Para a análise morfológica, foi feita a medição da área ventricular encefálica. Os testes comportamental e de temperatura comprovaram um potencial efeito protetor da aclimatação a temperatura termoneutra sobre a neurodegeneração induzida por STZ. A análise do tamanho ventricular mostrou que a STZ leva a um aumento da área ventricular de todos os animais tratados, independente da temperatura em que foram mantidos, mas aqueles aclimatados à temperatura ambiente de 26ºC apresentaram, um menor aumento da área ventricular quando comparados com os animais também tratados com a droga mas mantidos à temperatura subneutra de 22ºC, mostrando que, apesar de a STZ levar à morte e a degeneração celular, a temperatura mais elevada surge como um potencial efeito protetor frente à esses sintomas.