O medo é uma experiência emocional de caráter intenso e intimamente ligado à questão da sobrevivência instintiva em animais. A memória relacionada a situações aversivas permite a alteração de respostas comportamentais diante de um estímulo que possa ser potencialmente perigoso ao animal. A memória do medo pode ser estudada mediante o pareamento temporal entre um estímulo de caráter neutro, como um som, com um estímulo aversivo, como um choque nas patas do animal, sendo este paradigma chamado de condicionamento clássico ao medo. Nesta tarefa, adotada como modelo no presente projeto, o estímulo neutro adquire propriedades aversivas, e quando ele é novamente apresentado ao animal, mesmo na ausência do choque, apresenta comportamentos condicionados relacionados ao medo.

Entretanto, existem diversas variáveis que podem interferir na eficácia dessa tarefa comportamental e que modulam os comportamentos de expressão da memória aversiva (freezing), como diferentes intensidades dos estímulos, intervalos, número de pareamentos, condições contextuais e até mesmo a manipulação dos animais feita pelo experimentador. Este projeto teve como finalidade estudar a influência de algumas dessas variáveis no condicionamento clássico de medo ao som em ratos Wistar, estabelecendo assim uma padronização dos parâmetros a serem seguidos em experimentos desse tipo. Para tanto, foi estabelecida uma série de 5 experimentos nos quais tais variáveis foram alteradas, realizando-se análises estatísticas dos dados para determinar em quais situações os resultados obtidos mais se aproximavam do ideal para o paradigma estabelecido por Pavlov.

Futuramente, este projeto servirá de base para a continuação de estudos na área de memória e aprendizagem, em específico nos projetos do grupo de pesquisa a ele atrelados. Um desses projetos será continuado pelo mesmo aluno, e que busca analisar o envolvimento de receptores dopaminérgicos D1 e D2 na expressão da resposta de freezing, utilizando como metodologia o condicionamento clássico de medo ao som.